1ª Cicloviagem de SP x RJ
Em 2019 durante minha viagem pelo Centro - Oeste brasileiro, descobri o mundo do ciclismo e tive primeiro contato com cicloviajantes (brasileiros e internacionais), com as várias histórias que me deparei, achei isso incrível, pessoas que viajam longas distâncias com suas bikes e conseguiam chegar em vários destinos. De lá para cá fiquei cada vez mais perto do mundo das bicicletas (hospedei em casa um cicloviajante que veio da Argentina e que já tinha rodado 2 mil km, carregando seus itens pessoais e seu cachorro, não parece tão comum quando a viajar de avião/ ônibus mas existem pessoas que fazem isso).
Então durante a pandemia resolvi comprar uma com um valor acessível (cerca de 2 mil reais com todos os acessórios), aquela que atenderia minhas futuras viagens, adquiri uma MTB (Mountain Bike) em Julho/20, um modelo que possibilita andar em superfícies irregulares como terra, neve ou até mesmo areia (até porque do jeito que me conheço tudo pode acontecer, então queria algo que não precisar trocar e investir novamente).
Um ano depois, andando nos finais de semana e quando sobrava um tempinho durante a semana, o sonho de fazer uma cicloviagem já estava mais perto de ser realizado, mas tinha plena convicção que não seria uma tarefa fácil, porque sabia das minhas limitações (eu não era nenhuma atleta nata), mesmo sabendo que em ocasiões normais minha média era de 30/40 km por dia e o máximo que já tinha feito era 63 km e cansado muito (nesse dia terminei o percurso exausta, com dor e com fome), mas nada podia impedir de realizar mais um sonho.
Mesmo com todos os empecilhos que atrapalhavam andar longas distâncias, eu resolvi arriscar e fazer uma viagem de bike mais longa que as aquelas que eu estava acostumada e exatamente um ano depois fiz minha primeira cicloviagem em Julho/21 (comemorei um ano de ciclista da maneira que eu mais gosto - viajando).
O percurso escolhido foi da minha cidade natal, Jacareí localizada em São Paulo e finalizando em Paraty no Rio de Janeiro, percurso de 242 km rodados de bicicleta e teve a duração de 5 dias (período que eu tinha disponível), na volta preferimos voltar de ônibus com a empresa Buser por conta do tempo e conseguimos levar a bike montada no ônibus (isso depende da empresa e do motorista - ver com antecedência).
Desconto Buser: https://www.buser.com.br/convite/j66d2pc?utm_medium=copy
Bora saber mais detalhes?
PERCURSO:
1º dia
Jacareí - SP até Aparecida - SP, total 110 km e elevação de 935 m
Saímos de Jacareí, dia 19 de julho, às 6h 20, seguindo São José dos Campos, depois avançamos para até Caçapava, onde fizemos 2 paradas (uma para comer e outra para tirar fotos no letreiro da cidade).
| 1º parada em Caçapava |
Em seguida deslocamos até Taubaté (conhecida como capital nacional da literatura infantil, cidade onde nasceu Monteiro Lobato), já era hora do almoço mais resolvemos seguir para a Pindamonhangaba, onde fomos convidados para almoçar na casa de um integrante da plataforma Couchsurfing, por volta das 16h 30 seguimos rumo a Aparecida, chegamos no começo da noite lá.
Passeamos pelo centro de Aparecida, vistamos a basílica e fomos procurar um local para passar a noite, não tinha muitas opções baratas, então encontramos pelo aplicativo Airbnb a Pousada Mãe Padroeira, no valor de R$ 94,00 a diária com café da manhã para 2 pessoas e pertinho do centro. Chegamos lá, descansamos um pouco e pedimos uma janta pelo Ifood (refeição grande 15 reais)
2º dia
Aparecida - SP até Cunha - SP , total 62 km e elevação de 1.117 m
| Em frente a Basílica Nossa Senhora Aparecida. |
No dia seguinte, acordamos por volta das 8h, tomamos café e passeamos pelo centrinho (feirinha e basílica) para tirarmos fotos pois no dia anterior estava muito escuro. Voltamos para a pousada porque o check out era às 11h, pegamos nossos pertences e seguimos rumo a Guaratinguetá e depois Cunha.
| Letreiro em Guaratinguetá |
A segunda parte da viagem foi bem mais cansativa que a primeira, o trecho de 47 km é composto por curvas acentuadas, subida e mais subida, chegando a uma elevação máxima de 1.117 m tem que ter perna pra aguentar (e quem não tem, sobe trecho empurrando a bike - sim, não tenho vergonha de dizer que fiz isso em algumas partes).
| Vista entre Aparecida e Cunha. |
Chegamos por volta das 19h 30 em Cunha, eu estava exausta, com dor e com fome (não têm muitos pontos de paradas e quando tem o preço é salgado), 100% do trecho não tem sinal de celular e não tem acostamento, andar de bike por lá não é nada fácil mas em contra partida a região têm vistas espetaculares, composta por uma paisagem de morros e uma vegetação característica com araucárias.
| Entrada da cidade de Cunha. |
| Hospedagem na pousada Recanto Verde Cunha |
3º dia
Pausa para descanso em Cunha
No terceiro dia, levantamos por volta das 9h, tomamos o café na pousada (era servido individualmente ou por casal em uma mesa separada - achei tudo limpo e organizado) , fizemos o check out às 11h e mudamos para outra hospedagem que estava mais econômica.
| Café da manhã na pousada Recanto Verde Cunha |
| Hostel Caminho do Ouro em Cunha |
4º dia
Cunha - SP até Paraty - RJ, total 46 km e elevação de 998 m
Achamos que a parte mais difícil já tinha passado (Aparecida x Cunha) mas nesse trecho metade era subida íngreme e a outra descida da Serra de Paraty (nesse trecho além de ter uma temperatura mais baixa é interessante estar agasalhado adequadamente, além de ter atenção e tomar cuidado com as frenagens e com a via sem acostamento é imprescindível).
A composição do local é fantástica, a estrada real passa por dentro do parque Nacional da Serra da Bocaina então fique atento a possíveis animais na região, principalmente no período de chuva e com baixa iluminação (não recomendo desce nessas circunstancias pois o risco de acidentes é sem dúvida maior).
Chegamos no centro histórico ás 15h e cada um foi se hospedar em lugares diferentes, no meu caso fui convidada por outro membro do Couchsurfing para ficar em um veleiro (experiência única).
| Letreiro em Paraty- RJ |
| Veleiro e mergulho na praia do Pontal. |
Por fim...
Pra quem acha que foi fácil, não foi! Andar de bicicleta não é fácil e não é tão tranquilo assim, principalmente: baixíssima qualidade das vias, falta de manutenção, falta acostamento em boa parte, além do medo do ciclista em ser atropelado e não socorrido (a grande maioria dos motoristas não socorrem - infringindo o artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro e muitas vezes essas pessoas que foram atropeladas não conseguem ser socorristas a tempo). Respeite os pedestres e ciclistas!
Porque cada vez mais temos medo de sair, pedalar e não voltar pra casa! Sim, se beber não dirija, vc no trânsito tem que cuidar de muitas vidas, imagina se estivesse do lado de cá?
Mas agora vamos para a parte boa: que viagem recompensadora, daqui a pouco tô viajando o mundo de bike, quem sabe, né! O mais importante que ela foi concluída com sucesso e estou viva pra contar.
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Roteiro sensacional!
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